Corra da Ansiedade! Saiba os benefícios do exercício

Apesar de parecer uma força de expressão, o exercício mais eficaz para o auxílio no tratamento da ansiedade crônica é a corrida

Correr parece uma solução um tanto quanto simples para um problema com origens ainda desconhecidas para renomados cientistas. Sim, apesar de ser uma doença que afeta milhões de pessoas no mundo inteiro, a ansiedade possui causas diversas e gatilhos únicos para cada pessoa.

"A pandemia de Covid-19 deixou claro que cada vez mais pessoas precisam receber tratamento de saúde mental. Mas um novo relatório da Organização Mundial da Saúde, OMS, destaca um “cenário decepcionante no mundo”, com os pacientes não tendo acesso a um apoio tão necessário." Esse trecho foi retirado do site da OMS e destaca o quão dificil o comprometimento com o tratamento e a solução de problemas da saúde mental global, ainda são tratadas com descaso.

Um estudo sobre a ligação entre a corrida e a melhora do quadro de pacientes com ansiedade está sendo estudado e será publicado na edição de janeiro do Journal of Affective Disorders, e cujo texto já figura na plataforma online do Science Direct, é baseado em acompanhamento com 286 pacientes com síndrome de ansiedade.

“Os resultados mostram que seus sintomas de ansiedade foram significativamente aliviados, mesmo quando a ansiedade era uma condição crônica, em comparação com um grupo de controle que recebeu aconselhamento sobre atividade física de acordo com as recomendações de saúde pública. Os tratamentos padrão de hoje para a ansiedade são a terapia cognitivo-comportamental (TCC) e o tratamento farmacológico, mas o estudo mostra que a adoção de hábitos saudáveis pode melhorar o tratamento”, explica a médica nutróloga Dra. Marcella Garcez, diretora e professora da Associação Brasileira de Nutrologia (ABRAN).

“A atividade física regular diminui o risco de vários distúrbios comuns, inclusive condições neurológicas, ajudando a tratá-la”, explica o geneticista Dr. Marcelo Sady, Pós-Doutor em Genética e diretor geral Multigene.

No estudo, metade dos pacientes conviveu com ansiedade por pelo menos dez anos. A idade média deles era de 39 anos e 70% eram mulheres. Por meio de sorteio, os participantes foram designados a sessões de exercícios em grupo, moderados ou extenuantes, por 12 semanas. "Houve uma tendência significativa de intensidade de melhora - isto é, quanto mais intensamente eles se exercitavam, mais seus sintomas de ansiedade melhoravam", afirma a médica nutróloga.

A maioria dos indivíduos nos grupos de tratamento passou de um nível básico de ansiedade moderada à alta para um nível de ansiedade baixo após o programa de 12 semanas. Para aqueles que se exercitaram em intensidade relativamente baixa, a chance de melhora em termos de sintomas de ansiedade aumentou por um fator de 3,62. O fator correspondente para quem se exercitou em maior intensidade foi 4,88.

Os participantes não tinham conhecimento do treinamento físico ou do aconselhamento que as pessoas fora de seu próprio grupo estavam recebendo. “Exercitar o corpo regularmente também ajuda o cérebro. O exercício melhora o fluxo sanguíneo e estimula mudanças químicas no cérebro que apuram o humor e o pensamento. A liberação de endorfina gera reações de euforia e bem-estar, que também ajudam a manter o humor”, diz o Dr. Gabriel Novaes de Rezende Batistella, médico neurologista e neuro-oncologista, membro da Society for Neuro-Oncology Latin America (SNOLA).

Os membros do grupo que se exercitavam em um nível moderado deveriam atingir cerca de 60% de sua frequência cardíaca máxima - um grau de esforço classificado como leve ou moderado. No grupo que treinou mais intensamente, a meta era atingir 75% da frequência cardíaca máxima, e esse grau de esforço foi percebido como alto.

O estudo enfatiza que os tratamentos para a ansiedade incluem a terapia cognitivo-comportamental e drogas psicotrópicas, mas esses medicamentos geralmente têm efeitos colaterais, e os pacientes com transtornos de ansiedade frequentemente não respondem ao tratamento médico. “Longos tempos de espera pela TCC também podem piorar o prognóstico. Os médicos da atenção básica precisam de tratamentos individualizados, com poucos efeitos colaterais e fáceis de prescrever. O modelo envolvendo 12 semanas de treinamento físico, independente da intensidade, representa um tratamento eficaz que deve ser disponibilizado na atenção básica com mais frequência para pessoas com problemas de ansiedade", finaliza a médica nutróloga.

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