Obesidade e maior risco de COVID-19

Não é novidade que obesidade pode levar a maior risco de infecções virais. Santos –Burgoa (2020),  relatou que entre abril de 2009 e janeiro de 2010, o CDC estimou que 41-84 milhões de pessoas foram infectadas pelo  vírus da influenza H1N1 e que entre 180.000 e 370.000 pacientes infectados foram hospitalizados, com 8000-17.000 mortes. Vários relatórios de todo o mundo identificaram obesidade e obesidade grave como fatores de risco para hospitalização e ventilação mecânica.

Um estudo americano que avaliou  268 pacientes com mais de 20 anos, relatou que  58% tinham obesidade (IMC> 30) e  destes 67% apresentaram obesidade grave (IMC> 40). Nesse estudo, 66% das pessoas com obesidade também tinham outras doenças, como doença pulmonar crônica, incluindo asma, problemas cardíacos ou diabetes. Raverdy (2020), em um estudo Francês com 124 indivíduos, relatou que obesidade (IMC> 30 kg/m2) e obesidade grave (IMC> 35 kg/m2) estiveram presentes em 47,6% e 28,2% dos casos, respectivamente. No geral, 85 pacientes (68,6%) necessitaram de ventilação mecânica invasiva (VMI).

A proporção de pacientes que necessitaram de VMI  foi maior em pacientes com IMC> 35 kg / m2 (85,7%). A necessidade de VMI  foi  significativamente associada ao sexo masculino, independente de idade, diabetes e hipertensão. O risco de necessidade de VMI foi 7,36 x maior em portadores de IMC> 35 kg/m2 vs pacientes com IMC <25 kg / m2 Conclusão: O  estudo mostrou alta frequência de obesidade entre os pacientes internados para  cuidados intensivos devido a  SARS-CoV-2. Segundo Raverdy, (2020), a gravidade da COVID-19  aumentou com o aumento do IMC.

A obesidade é um fator de risco para Gravidade de SARS-CoV-2, exigindo maior atenção e medidas preventivas. Em um estudo americano, Lighter et al. (2020) avaliaram 3.615 indivíduos que apresentaram resultado positivo para Covid-19, 775 (21%) tinham IMC entre 30-34 e 595 (16%) tinham IMC> 35. Pacientes com idade <60 anos com IMC entre 30-34 tiveram  risco 2,0  e 1,8 X maior de  serem internados para  cuidados agudos e críticos, respectivamente, em comparação com indivíduos com IMC <30. Vários estudos tem levantado a hipótese de que obesidade seja o maior fator de risco para COVID-19 em indivíduos com menos de 60 anos de idade.

Obesos têm leptina cronicamente mais alta (pró-inflamatória) e menores  níveis de adiponectina (anti-inflamatória). Este ambiente hormonal desfavorável  leva a uma desregulação da resposta imune e pode contribuir para a patogênese de complicações relacionadas à obesidade.

Pacientes obesos têm maior concentração de vários citocinas pró-inflamatórias como alfa-TNF-alf, MCP-1 e IL-6 (Luzi e Radielli, 2020), o que pode contribuir para a “tempestade de cistocinas, característica de quadros graves da COVID-19.

Marcelo Sady Plácido Ladeira