Genética e Autismo Parte 3

Genética e Autismo

Parte 3.


            O autismo ou transtorno do espectro autista (TEA) é um grupo de alterações de desenvolvimento caracterizadas por deficiências na interação e comunicação social e por padrões restritos,

repetitivos e estereotipados de comportamento. Os sintomas são tipicamente aparentes antes dos 3 anos de idade e incluem maneiras incomuns de aprender, prestar atenção ou reagir a diferentes sensações.

Portadores de TEA gostam de repetir certos comportamentos e não querem mudanças em suas atividades diárias. Além disso, são hipersensíveis aos estímulos sensoriais (sabores, cheiros, sons, visões) e têm problemas sociais e de comunicação. Nas últimas décadas a incidência de TEA mostrou um nível surpreendente de aumento. “TEA atinge indivíduos de ambos os sexos e de todas as etnias, classes sociais e origens geográficas. A ocorrência é maior entre o sexo masculino, 4,5 vezes mais comum em meninos do que meninas” (https://www.inspiradospeloautismo.com.br/o-que-e-autismo/). Atualmente, nos EUA, estima-se a ocorrência de 1 caso de TEA a cada 42 meninos e um caso de autismo a cada 189 meninas (CDC 2016). No Brasil, estima-se a ocorrência de até 2 milhões de casos. Ainda não há consenso sobre as causas de TEA, nem mesmo sobre o que é TEA. Entretanto, há fortes evidências, de predisposição genética (Rutter, 2005), a qual é desencadeada por fatores ambientais, que atuariam como gatilhos para o aparecimento dos sintomas. Estudos genéticos revelaram o envolvimento de centenas de variantes genéticas no autismo.

Seus efeitos de risco são altamente variáveis ​​e freqüentemente estão relacionados a outras condições, além de autismo. No entanto, muitas variantes diferentes convergem em caminhos biológicos comuns.

            Fatores  genéticos podem ter um importante papel para o tratamento de portadores de TEA (Vorstman et al., 2017).

- Tratamento de comorbidades.

            - Portadores de TEA que apresentam deleção de 22q11.2 podem apresentar comorbidades adicionais, como aumento do risco de doenças cardiovasculares, anormalidades velofaríngeas, imunodeficiência e comprometimento do metabolismo do cálcio (Vorstman et al., 2017).

            - Indivíduos portadores de TEA e  com  deleção 22q11.21 devem receber acompanhamento do desenvolvimento neurológico, pois há uma grande chance de desenvolverem  transtornos psicóticos no final da adolescência ou Início da fase adulta (Vorstman et al., 2017).

            - Mutação no gene que codifica a proteína dependente da atividade

homeobox neuroprotetora (ADNP), está associada a maior risco de  defeitos cardíacos, deficiência visual, epilepsia e menor eificiência  do sistema imune. Portanto, necessitam de acompanhamento diferenciado (Vorstman et al., 2017).

- A genética pode auxiliar no melhor tratamento farmacoterápico:

            - Pessoas  com comportamento agressivo severo e deleções de

15q13.3, que incluem o receptor colinérgico Nicotinico  α7 (CHRNA7), parecem obter significativo  benefício com o tratamento com  galantamina, o qual é

é tanto um modulador alostérico de CHRNα7, como um inibidor da acetilcolinesterase (Vorstman et al., 2017).

            - Portadores de TEA e deleção 17q12, podem apresentar   transtorno psicótico e distúrbios  do humor. Em virtude disto,  podem precisar de medicação para estabilização do humor e antipsicótica(Vorstman et al., 2017).

- Biomarcadores genéticos podem ajudar na escolha da melhor intervenção comportamental.

            - Portadores de TEA com deleções SHANK3 tendem a ter maiores

habilidades de comunicação receptiva do que linguagem expressiva (verbal). Portanto, podem se beneficiar de uma comunicação assistida (Vorstman et al., 2017).

            Variantes genéticas podem comprometer a eficiência da enzima MTHFR, como o polimorfismo rs180133, cujo alelo T tem sido associado a redução da eficiência enzimática de 30 a 40% e pode chegar a uma redução de 70% quando em homozigose (genótipo TT). A frequência do alelo T é relativamente comum na população em geral, aproximadamente 12% para homozigotos (genótipo TT), 50% para o genótipo heterozigoto (CT) e em algumas populações pode chegar a 67%. Portanto, isso significa que em algumas populações de cada 4 pessoas até 3 podem ser portadoras de pelo menos um alelo T. A menor eficiência enzimática, principalmente quando ocorre deficiência de co-fatores como vitamina B9 (folato), B6, B12, zinco e magnésio, pode comprometer seriamente o metabolismo de um carbono e contribuir para a redução da produção de GSH (glutationa), que é responsável pelos processos de desintoxicação de metais tóxicos no organismo, diminuição da síntese de neurotransmissores, aumento da intensidade de processo neuroinflamatório, câncer e TEA, entre outros. A presença do alelo T é encontrada em mais de 90% dos casos de TEA e pode levar a um risco 5 a 20 vezes maior de desenvolvimento de TEA.

Pacientes portadores de TEA e do alelo T podem necessitar de maior suplementação de ácido fólico (HICKEY et al., 2013). Portadores do genótipo homozigoto TT, precisam de mais folato que os heterozigotos (SALES; TOBELLA, 2010). Schimidt et al.,(2011) observaram que grávidas que fizeram suplementação com vitaminas, especialmente do complexo B, durante a fase periconcepcional (pré-gestacional) e durante o primeiro trimestre de gravidez apresentaram menor risco de filhos portadores de TEA.

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