Suscetibilidade genética à COVID-19 – Post 5 – Gene NOS-3

O óxido nítrico (NO) é uma molécula de sinalização importante, que tem  demonstrado efeito inibitório em algumas infecções por vírus. Åkerstrom et al-(2005),  realizaram um estudo in vitro, no qual relataram que o NO  inibiu significativamente o ciclo de replicação do SARS CoV. Também demonstraram  que o NO inibe a transcrição de RNA e síntese de  proteína viral.

Existem três tipos de NOS; NOS1 (óxido nítrico sintase 1, neuronal), NOS2 (óxido nítrico sintase indutível; também conhecido como iNOS) e  NOS3 (óxido nítrico sintase endotelial; também conhecido como eNOS). O gene NOS-3 codifica a enzima NOS3, principal responsável pela geração de NO no endotélio vascular, uma monocamada de células planas que revestem a superfície interior dos vasos sanguíneos, na interface entre o sangue circulante no lúmen e o restante da parede do vaso.

O NO produzido pelo NOS-3 no endotélio vascular desempenha papéis cruciais na regulação do tônus vascular, proliferação celular, adesão de leucócitos e agregação plaquetária. Além de estar envolvida na função endotelial, NOS-3 também  estimula captação de glicose nos músculos.  Portanto, uma NOS-3 funcional é essencial para um sistema cardiovascular saudável.

Além disso, NOS3 regula a vasoconstrição e regula a expressão de moléculas de adesão e citocinas proinflamatórias, como IL-1b, IL-6 e IL-8, que apresentam papel relevante  na “tempestade de citocinas”,  características da COVID-19.

Portadores do alelo A do polimorfismo rs1799983 do gene NOS-3 apresentam menores níveis de expressão da NOS-3 e consequente maior risco de desenvolvimento de aterosclerose, doenças cardiovasculares e diabetes melitus tipo 2. Portanto, rs1799983 pode ser um candidato a biomarcador genético de suscetibilidade à COVID-19. São necessários mais estudos para confirmar essa hipótese.

Marcelo Sady Plácido Ladeira