Gene APOE e Risco de Desenvolvimento de Alzheimer

Gene APOE e Risco de Desenvolvimento de Alzheimer

Marcelo Sady Plácido Ladeira

A doença de Alzheimer ( AD) é uma doença devastadora, caracterizada pela diminuição da cognição e é também a forma mais comum de demência afetando entre 24 a 35 milhões de pessoas no mundo. Devido ao envelhecimento da população, estima-se que 1 em 85 pessoas apresentarão a doença de Alzheimer em 2050. Atualmente a doença de Alzheimer é a terceira causa de morte no EUA.

Vários genes foram descritos na literatura científica por estarem associados aos dois principais tipos de doença de Alzheimer: AD de início precoce, a qual apresenta forte concentração em famílias e é caracterizada pela manifestação da doença antes dos 65 anos, sendo responsável por cerca de 6% a 7% dos casos de doença de Alzheimer e AD de início tardio ou esporádico, a qual está associada a pelo menos 10 genes e apresenta forte interação com fatores ambientais. Portanto, o risco pode ser minimizado (Ridge et al., 2013). 

Gene APOE

A apolipoproteína E (APOE) desempenha papel chave no metabolismo de lipídeos, participando do transporte de colesterol das células. Produzida principalmente no fígado é integrante do HDL, VLDL e quilomícrons. A APOE é codificada pelo gene APOE, que atualmente é um gene fundamental, tanto em termos de longevidade como envelhecimento ( Beekman et al , 2013; . Davies et al. , 2014) e é associado a maior risco de desenvolvimento de doenças cardiovasculares (Khan et al , 2013; Schilling et al , 2013) Além disso, o genótipo da APOE tem sido fortemente associada com doenças neurodegenerativas, tais como a doença de Alzheimer, e outras doenças associadas a demência (Corder et al , 1993; Seshadri et al., 2010 ). O gene APOE apresenta 3 alelos principais: E2,E3 e E4, os quais apresentam uma frequência alélica mundial de 8,4%, 77,9% e 13,7%, respectivamente. O alelo E4 é disfuncional.


O alelo E4 é o maior biomarcador genético de risco aumentado de desenvolvimento de doença de Alzheimer e sua frequência alélica pode chegar a 40% em portadores de AD (não significa que se você for portador necessariamente desenvolverá doença de Alzheimer, minimize seu risco com hábitos saudáveis). Estudos clínicos e em autópsias, realizados em populações européias, tem demonstrado que o risco de AD aumenta com a presença de uma cópia do alelo E4 (E2/E4, OR 2,6; E3/E4, OR 3,2) ou duas cópias (E4/E4, OR 14.9) quando comparados ao portadores do genótipo E3/E3.

Ao contrário, o alelo E2 do gene APOE pode apresentar efeito protetor contra AD. Portadores do genótipo: E2/E2 (OR: 0.6) ou E2/E3 (OR: 0.6), que é menor que o risco dos portadores do genótipo E3/E3. Além disso, portadores do alelo E4 apresentam maiores riscos de hiperlipidemia, hipercolesterolemia, aterosclerose, doenças coronarianas, e acidente vascular cerebral (derrame), obesidade, diabetes mellitus tipo 2 (DMT2), síndrome metabólica (SM), etc. Portadores do alelo E4 são sensíveis a ingestão de gordura saturada maior que 10% da energia total, que tem sido associado com maior risco de neuroinflamação e consequente maior risco de Alzheimer.

Portanto, o simples fato de limitar o consumo de gordura saturada a 10% ajuda a minimizar o risco de Alzheimer. Além disso, atividade física, curcumina, restrição calórica, adequados níveis de vitamina D, etc ajudam a minimizar mais ainda o risco de desenvolvimento de Alzheimer. Falaremos mais sobre a importância da genotipagem para otimizar medidas preventivas em outro post. Até lá.

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